Os suspeitos do costume

Manuel Alegre anunciou, num jantar de apoiantes em Portimão, a sua "disponibilidade", pela "República e por Portugal", para o combate presidencial a ter lugar ainda em 2010.

Num discurso pautado pela poesia e por um punhado de citações mais ou menos gastas, o ex-deputado do PS - já recuperado dos fretes por altura das legislativas e das autárquicas - revelou o que há muito deixou de ser segredo: quer ser Presidente da República.

Simultaneamente, o actual Presidente - em pânico com a mera possibilidade de alguém da direita se lembrar de cobiçar-lhe o lugar - decidiu adocicar o (quase) insaciável Santana Lopes com uma condecoração "porreira".

Na verdade, a situação, até às eleições, deverá ser (mesmo) esta. Os suspeitos do costume para um embate sénior, que nada de novo trará à estafada política nacional.

As principais famílias político-partidárias deste rectângulo crescentemente minado pela mediocridade, não têm mais nem melhor para oferecer. O arco de poder em Portugal rodeou-se de onerosos "eucaliptos", que nada permitiram e que só cairão de podres em terra seca.

Em Portugal, não é - e assim continuará no próximo quartel de século - possível um fenómeno sequer parecido com OBAMA. Até nisso seremos pequenos. Pesado fado este de uma nação onde os veteranos se recusam a ceder o lugar aos mais novos, a passar o testemunho, berrando com os seus botões: "não perceberam? EU sou insubstituível!"

Estas personagens não contribuirão para a mudança de paradigmas que rasgue novos horizontes para as futuras gerações. A ânsia de PODER que revelam não deriva da força, mas, simplesmente, do conformismo.

Um dia destes, quando os portugueses perceberem e aceitarem que está ao seu alcance mudar este bolorento estado de coisas, já poderá ser tarde de mais...